sexta-feira, 25 de abril de 2008

Semana Santa em Granada


*de 14 a 24/04/08.
A “Semana” Santa aqui na Espanha dura 10 dias. É... 10 dias mesmo! O povo aqui adora um feriadão (super) prolongado. Mas também, algumas regiões são mesmo muito religiosas, como a Andalucía (onde está Granada). São milhares de procissões por dia pela cidade, saindo de todas as igrejas, de todos os santos que você imaginar (e não imaginar).

A cidade fica cheia, com a população em peso pelo centro, e também milhares de turistas. Fica com um ar muito festivo e a galera realmente se prepara para esta semana. Todo mundo de roupa nova, arrumados e empolgados. A maioria das procissões são bem parecidas: tem sempre uma banda que toca umas marchas, que parecem não variar muito de uma pra outra; tem as “cofradías”, que são como “carros alegóricos” onde vão os santos (todos enfeitados, com pompa, com muitas flores e velas); os homens que ficam debaixo dos pesadíssimos (imagino) carros, carregando-os – como um sacrifício “necessário” – tem os caras encapuzados levando velas gigantes, em que as crianças recolhem a cera que cai delas numa bola endurecida, que vai crescendo a cada ano (fruto do mesmo ritual na semana santa) e tem as mulheres vestidas de viúvas espanholas, com aquele pente na cabeça, com um véu preto, assim como toda a roupa (e levando velas também). E as pessoas em geral aplaudem, vibram.

As procissões mais curiosas e interessantes (pelo menos para quem não é religioso) são: a dos ciganos (gitanos) e a do silêncio. A dos ciganos é a que atrai mais gente, pela alegria deles e pela beleza do caminho que é percorrido. Eles sobem o Sacromonte (bairro cigano que fica numa parte alta da cidade) com os carros pesados e fazendo-os “dançar”, passam pelo caminho alguns deles cantando e dançando flamenco no meio da rua e, quando olhamos para cima, para as “casa-cuevas”, vemos toda a gente animada ao redor de fogueiras. Para a santa eles gritam: “Gitaaaana: Guapa! Gitaaaana: Guapa! Gitaaaana: Guapa!/ Gitana, gitana, guapa, guapa, guapa!”. É uma manifestação muito bonita e alegre. Termina em uma dos pontos mais altos, a Abadia del Sacromonte, onde eles deixam a santa. Apesar de todo o cansaço, toda a chuva que caiu, o frio, as subidas intermináveis e 6 horas andando sem parar, valeu à pena e foi divertido.

A Procissão do Silêncio foi a última que eu vi. Era estranha e sinistra, bem interessante. A cidade apaga todas as luzes dos postes por onde ela passa. Nela vão, obviamente, todos em silêncio, ao som de um único tambor que ressoa forte, como que para marcar o ritmo dos passos, mas também parece algum ritual da Idade Média onde alguém ia ser sacrificado... Hehehe! As pessoas vão todas encapuzadas, de preto dos pés à cabeça, levando velas gigantes, depois outros levando Jesus crucificado, outros levando a santa e, logo atrás, outros encapuzados carregando cruzes e com os pés acorrentados. Assim, escutamos só o tambor e o som das correntes se arrastando pelo asfalto... (E tudo isso no breu e no frio que fazia).

Apesar de ter visto essas procissões, toda essa religiosidade, a semana não foi exatamente santa para mim... Farrei demais com a Donatella (companheira de apê e festas). Saímos praticamente todos os dias, conhecemos uns madrileños numa das noitadas, que nos pagaram bebidas o tempo todo (um deles muito gato, Fernando...). Dançamos, bebemos, saímos de “tapas”, chegamos em casa com a luz do dia, acordamos algumas vezes às 4h da tarde... E etc.
No domingo de páscoa fizemos um almoço na casa de uma amiga da Donatella, também italiana, Maria. Tinha muita comida e, claro, “la pasta”! Passamos o dia todo lá, pois só voltamos pra casa às 2h da manhã (ou da noite, como se diz por aqui).


Multidão na Gran Vía

Procissão dos Ciganos (La Alhambra ao fundo)

Galera animada no Sacromonte

Casa La Sevillana

Almoço de Páscoa com a italianada

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